quarta-feira, 24 de março de 2010

Livro x Filme

X

"Uma Vida Interrompida" escrito por Alice Sebold fez bastante sucesso na época em que foi lançado, tanto nos EUA como aqui no Brasil. A temática pode não ser totalmente nova, mas a forma como Sebold disserta sobre a morte e também a forma como ela relata a visão e percepção da pessoa que se foi têm do impacto que a sua morte causa nas pessoas que ficaram é bastante eficiente, e por vezes emocionante.

Eu já li o livro há um bom tempo, mais de 5 anos. E o que ficou para mim realmente foi o drama da família, me marcou a forma como a autora desenvolve esta perspectiva familiar, onde o pai se torna obcecado por tentar descobrir o que aconteceu com a filha, a mãe se fecha e desesperadamente tenta seguir em frente, o casamento se corrói, os irmãos mais novos acabam sofrendo...

O livro não chega a ser uma leitura fácil, porque se Sebold sabe como emocionar, ela também soube criar uma retranca forte e entupiu o livro de longas descrições sobre o local onde a protagonista Susie se encontrava, uma espécie de lugar de passagem e de transição.

O filme, que no Brasil ganhou o título "Um Olhar do Paraíso", tinha tudo para ser aquele tipo de filme que poderia superar a obra que lhe deu origem. O elenco escalado era forte, a direção e roteiro ficou com o ganhador do Oscar Peter Jackson e os efeitos especiais tinham tudo para suavizar e dar ritmo as por vezes cansativas descrições de Sebold.

Mas na prática não foi o que aconteceu. "Um Olhar do Paraíso" sofreu uma série de percalços (ver abaixo nas Curiosidades) e o resultado final é um filme apenas mediano, que em muito deve ao seu material de origem. A grande força do filme, o drama familiar, é muito prejudicado por uma edição infeliz e pela atuação desencontrada de Mark Wahlberg como o pai de Susie. Apesar dos esforços de Weisz, Sarandon, Tucci e principalmente de Saiorse Ronan como Susie, as atuações acabam se perdendo pela ineficiência do roteiro em fundamentar e dar crédito ao drama familiar como um todo, e não apenas ao drama individual de cada um.

Tecnicamente o filme é bonito, os efeitos visuais e direção de arte são bons, mas por vezes Jackson erra feio no tom e acaba soando brega e o tal paraíso por vezes soa totalmente cafona e de mal gosto. No geral é um filme com um potencial muito grande que acabou resultando em algo apenas regular e razoável.

Notas: Filme 6,5
Livro 8,0

Curiosidades: O intérprete original do papel do pai Jack era Ryan Goslin, mas já na fase de pré-produção o ator se desentendeu com Peter Jackson e deixou a produção.

A produção do filme foi interrompida em alguns momentos pois Peter Jackson teve crises em relação ao Paraíso onde Susie passa boa parte do filme. A tonalidade das nuvens e outros fatores fizeram Jackson ter sérias crises criativas e atrasaram o cronograma do filme.

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